Enquanto certos colegas resolveram se abster completamente da compra de novos livros durante o próximo ano inteiro (para consumo próprio somente, que fique claro!), parte da equipe que não tem a mesma força de vontade já criou no bullet journal uma página inteira dedicada aos objetos de desejo que serão publicados a partir de primeiro de janeiro, já entupiu de novas entradas a lista de “quero ler” do Goodreads, ou já salvou o compilado dos títulos previstos pro ano que vem na barra de favoritos, e não tem a menor vergonha de nada disso.

Com razão, porque sempre cabem mais uns cinco livros naquela prateleira de casa se você organizar direito – isso eu garanto com conhecimento de causa! –, então listamos aqui os lançamentos que estão abalando as estruturas emocionais do Posfácio e fazendo a gente reforçar o estoque de chá de camomila pra dar aquela segurada na ansiedade.

O coraçãozinho do Antônio Xerxenesky está palpitando por Caminhadas com Walser, do Carl Seelig, que sairá pela Papéis Selvagens. O Tony contou que incluiu esse na wishlist desde o anúncio do lançamento em inglês, mas fez questão de guardar para comprar a edição brasileira (o mercado editorial agradece o incentivo!). “Robert Walser sempre foi uma grande paixão minha e uma figura absolutamente misteriosa. Seelig, o responsável por difundir a obra de Walser para além dos muros do hospício suíço onde fora internado, dava caminhadas com Walser e viveu para contar a história das conversas que tiveram. É o tipo de livro que já gosto antes mesmo de ler.”, ele comentou.

A Taize Odelli está esperando sair Berta Isla do Javier Marías. Ela é muito fã do autor, lê tudo o que ele escreve, e faz anos que não sai algo novo (o último foi Assim começa o mal). O novo romance é sobre um casal em Madri que se envolve intensamente na juventude, sem suspeitar que o que os aguarda é uma relação com muitas idas e vindas e um desaparecimento. Aqui no Brasil, ele sai pela Companhia das Letras.

Ela também está ansiosa pelo novo da Elena Ferrante, que vai sair pela Intrínseca. A vida mentirosa dos adultos é sobre Giovanna, que mora em um bairro de classe média de Nápoles, dos 12 aos 16 anos, começando com um comentário do pai, que compara a falta de beleza da filha com Vittoria, tia da menina. Figura lendária na família e distante do pai por motivos incertos, ela desperta a curiosidade de Giovanna, que hesita entre considerar o comentário um insulto, uma condenação ou uma profecia. Explorando as periferias de Nápoles, ela parte em busca dessa figura misteriosa.

Além desses, a Izze também aguarda o lançamento do Exhalation, novo do Ted Chiang, que saiu lá fora este ano. O primeiro livro do autor publicado no Brasil, A história da sua vida e outros contos, saiu pela Intrínseca em 2016, mas não temos informações sobre o próximo por enquanto. Por fim, ela também quer logo o volume 6 da série Minha luta, do Karl Ove Knausgård (aka Knausgato), publicada pela Companhia das Letras, porque só Harry Potter gerou tamanho empenho numa série tão longa.

E falando em Knausgård, o Bruno Mattos, por sua vez, vai sofrer porque não poderá ler o tão aguardado volume pelo motivo mencionado no primeiro parágrafo deste texto. Ele também sofreria se não pudesse ler o Nuestra Parte de Noche, da Mariana Enriquez, mas nesse caso ele trapaceou se antecipou e comprou a edição em espanhol este ano mesmo. Para quem tem juízo não está participando do desafio, a edição em português sai pela Intrínseca no ano que vem. O livro ganhou o Premio Herralde de 2019, um dos mais importantes em língua espanhola no mundo, fazendo da autora a primeira mulher argentina a ganhá-lo. O romance narra a travessia de um pai e um filho de Buenos Aires às Cataratas de Iguaçu nos anos finais da ditadura argentina: o primeiro tentando proteger o segundo do destino de se converter em médium de uma sociedade secreta que busca a vida eterna por meio de perigosos e obscuros rituais.

O André Araújo também está ansioso pelo romance novo da Mariana Enriquez, por Imago, a conclusão da trilogia Xenogênese, da Octavia Butler, que é publicada pela Morro Branco, e por Djan, romance de Andrêi Platônov, proeminente escritor soviético que a Editora 34 começou a publicar este ano.

Além disso, assim como muitos de nós, ele mal pode esperar pelo novo romance do Antônio Xerxenesky, que está em andamento, e pelo relançamento do horário de verão, pois não aguenta mais acordar de madrugada contra a própria vontade. A Raquel Toledo também cobiça o Platônov, mas é outra que andou tomando umas decisões aí e não vai poder comprar livros em 2020.

O Knausgato é figura recorrente no Posfácio: o Arthur Tertuliano também está de olho no volume seis – quem sabe para ler todos em sequência –, além de querer ler mais da Rebecca Solnit e Corpos secos, o livro de zumbis da Natalia Borges Polesso, do Marcelo Ferroni, da Luisa Geisler e do Samir Machado de Machado que vai sair pela Alfaguara. Este tem tudo pra ser um sucesso: um monte de gente talentosa junta que já escreveu um bocado de coisas interessantes. Não tem como não ficar curioso. Uma pena que o Tuca também só vai poder ler tudo isso em 2021.

Eu, entretanto, não fiz a mesma escolha de meus amigos, porque sei do que (não) sou capaz e pretendo colocar minhas mãozinhas em um exemplar de Corpos secos assim que ele chegar na livraria.

Além disso, estou contando os dias para o lançamento de Na casa dos sonhos, da Carmen Maria Machado, que vai sair pela Companhia das Letras. Trata-se de um livro de memórias em que a autora mescla gêneros como terror e fantasia, e inova na forma das mais diversas maneiras para relatar um relacionamento que começou maravilhoso e se transformou em um pesadelo. O primeiro livro dela, a coleção de contos O corpo dela e outras farras, saiu pela Planeta e fez da autora uma das finalistas do Man Booker Prize de 2018.

Também estou muito curiosa para ler In Five Years, da Rebecca Serle, que sairá pela Paralela. Nele, uma advogada de sucesso passa pela entrevista mais importante de sua carreira com os próximos cinco anos da sua vida planejados, tendo aceitado também a proposta de casamento de seu noivo. Na mesma noite, entretanto, ela acorda em um apartamento totalmente diferente, com outro anel na mão, ao lado de outro homem. Pela TV, ela se dá conta de que está no mesmo dia, mas cinco anos depois. Ela acorda de volta em seu tempo e não consegue deixar de lado o que viu, apesar de não acreditar muito em visões. Ela decide ignorar o que aconteceu, até quatro anos e meio depois, quando encontra por acaso o outro homem daquela mesma visão.

E você? Quais livros quer ler em 2020? 🙂