A palavra ‘robô’ é de uso corrente hoje em dia, mas obviamente é um termo relativamente novo, já que designa uma maravilha tecnológica que apenas agora começa a parecer próxima da existência sempre imaginada por fãs e autores de ficção científica.

E a primeira vez que foi usada foi na literatura. Criada por Josef Čapek, foi seu irmão, o escritor Karel Čapek, o responsável pela popularização da palavra- inicialmente em sua peça R.U.R.- também um dos marcos fundamentais da ficção-científica.

Apesar de pouco conhecido por aqui o escritor checo foi certamente uma das figuras literárias mais importantes do século XX. Entre os escritores influenciados por ele estão Ray Bradbury, Salman Rushdie, Brian Aldiss, Dan Simmons e Isaac Asimov. Junto com Huxley e Orwell foi um dos expoentes da ficção especulativa.

Apesar disso não se pode dizer  que a obra de Čapek realmente se preocupe em imaginar o futuro, mas sim em prever como o presente se comportará quando for passado. E é isso que lhe confere o impacto que tem, até hoje.

Em R.U.R. há uma preocupação com os abusos sofridos pelos trabalhadores- que, no caso, são robôs construídos de protoplasma. Em um outro livro seu, A Guerra das Salamandras, as tensões políticas da época de Karel são o estopim de uma guerra entre as grandes potências- mais ou menos nos moldes da Segunda Guerra Mundial, iniciada um ano após sua morte.

Nem todos seus trabalhos podem ser descritos como ficção científica: na coletânea de contos (ou seriam ensaios) Histórias Apócrifas ele perverte os clássicos da literatura e da filosofia, usando de uma ironia fina e bastante inteligente. O Ano do Jardineiro é um manual de jardinagem.

Nascido em 1890, morreu de pneumonia em 1938, pouco após parte da Boêmia ter sido anexada pelo Reich. Karel Čapek foi um escritor brilhante, que criticava igualmente ditaduras e utopias.

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