Continuando com nossas conversas sobre o Nobel, cujo resultado sai amanhã, (quinta-feira, 7 de Outubro) temos agora nossas apostas. Um breve comentário de cada sobre o que espera e, em seguida, listas: as apostas do Tiago e as minhas, e a do Ladbrokes- uma casa de apostas bastante tradicional, na qual todo ano a imprensa busca os ‘favoritos’ do Nobel.

Tiago: Não tenho certeza se me lembro bem das apostas do ano passado (-risos-)! Como a Academia Sueca mudou (e mudou mesmo, está um pouco mais conservadora e centralizada), como havíamos constatado, perdi um pouco o chão para as apostas. Porém o chão “político mas de qualidade” acho que ainda se mantêm.

Vamos lá: acho que o grande nome é o do barcelonense Juan Goytisolo – é um escritor com um produção bastante sólida, com livros que trata de forma muito bem apurada dos problemas da imigração (sem se prender ao relato, nem ao testemunho, como em “Paisagem depois da batalha”), tem o perfil de escritor viajante que falávamos,  e escreve a partir de um país que hoje está no centro de toda a problemática européia (a Espanha é o país que mais sofre com o desemprego em parte gerado – em tese – por seu lugar marginal na UE; além disso, lembrem-se dos episódios recentes de descriminação de estrangeiros…).

Também tenho minha pequenina esperança de que a Academia lembre da América Latina, que há muitos anos não premia… Quem sabe com a Argentina como homenageada da Feira de Frankfurt deste ano (evento que ocorre concomitantemente com o anúncio do Nobel), talvez eles voltem seus olhos para cá… Se seguirmos essa lógica (o que não é muito seguro, mas…), poderíamos imaginar que a Argentina finalmente seria justiçada, num período em que ela talvez tenha uma das produções mais interessantes: Ricardo Piglia, Alan Pauls, Rodrigo Frésan, Guzman, etc. Ainda que muitos desses autores sejam muito jovens (em termos de produção) para receber o prêmio, acho que Piglia seria um nome mais possível…

Fora da Argentina, penso em Ernesto Cardenal e em Nicanor Parra. No Brasil, como já falamos, a única possibilidade me parece Ferreira Gullar, ainda que ele tenha se tornado um reacionário dos infernos…

Luciano– Eu também não sei exatamente o que esperar. Mas continuo apostando em alguns velhos favoritos (não só para o Nobel, como para mim): o israelense Amós Oz, o albanês Kadaré. Apostaria no Coetzee, mas o Nobel não é como o Booker, que se pode colecionar.

A Espanha pode ser um ponto interessante, mas tenho dúvidas a respeito da América Latina. A despeito de uma cena literária bastante interessante por aqui (mais ao nosso redor do que em nosso país, apesar de algumas recentes descobertas que eu fiz), não sei… A Europa esteve por demais conturbada nos últimos tempos.

O que, aliás, faz com que eu acredite bastante viável um Nobel para Vassilis Aleksakis, escritor grego radicado na França: a Grécia esteve no epicentro de uma das recentes crises econômicas. Outro autor que acredito ter alguma chance é o norueguês Jon Fosse- poeta, dramaturgo e escritor, vem sendo aclamado como ‘o maior escritor norueguês desde Ibsen e Hamsun’

E ainda temos o Noteboom que se não ganhar agora, continua na fila.

Listas

Tiago

1- Juan Goytisolo

2- Ernesto Cardenal

3- Cees Nooteboom (nossa eterna aposta – um escritor-chave para a questão da União Européia, além de ser um dos melhores que escrevem hoje)

4- Ricardo Piglia

5- David Malouf (escritor australiano, com vários livros sobre a questão dos aborígenes australianos, das expulsões e dos abusos que tem sofrido durante a história do país, em especial esses últimos anos, em que a questão se agravou por causa da entrada de capital estrangeiro voltado para turismo. Esse tema tem se tornado recorrente demais – J. M. Coetzee e Cees Nooteboom já escreveram sobre esse conflito australiano – para que o Nobel o ignore. Além disso, faz muitos anos que um bom número de australianos estão entre os favoritos e nunca receberam um prêmio)

Luciano

1-Vassilis Aleksakis (Grego, escreve em grego e francês- vem ganhando vários prêmios em ambos os idiomas)

2- Amos Oz

3- Jon Fosse (Norueguês, escreve todo tipo de coisa, inclusive literatura infantil- mas é mais famoso por sua prosa e teatro)

4- Cees Noteboom

5- Ismail Kadaré

Da tradicional casa de apostas inglesa Ladbrokes:

1- Ngugi wa Thiong’o (autor queniano, que escreve em inglês, foi preso durante o periodo de guerra civil)

2- Cormac McCarthy (norte-americano, autor de Meridiano Sangrento e A Estrada)

3- Haruki Murakami (japonês, autor de Caçando Carneiro e Kafka a Beira-Mar)

4- Gerald Murnane (australiano, descreve seu país como uma espécie de espaço beirando ao mitológico)

5- Ko Un (poeta coreano que frequenta a lista há muitos anos. Tem inclusive tradução para o português, pelos irmãos Campos)

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