Prófi, diminutivo de ‘professor’, é o apelido de um garoto israelense de 12 anos que é membro da organização clandestina LOM (Liberdade ou Morte) que, em 1947, luta pela libertação de sua pátria do domínio britânico. Pretendem fazer isso apontando um foguete para o palácio do rei Jorge e o ameaçando.

Apesar de a organização ser parte da imaginação de Prófi e seus amigos, Ben Hur e Tchita Reznik, o julgamento dele não foi. Condenado como traidor e expulso da organização por ter se aliado ao inimigo e até mesmo aceito presentes dele: um policial inglês gordo e asmático, Stephen Dunlop, com quem trocou aulas de hebraico por aulas de inglês, sob o pretexto de descobrir segredos estratégicos. Anos mais tarde Prófi nos conta a história daquele verão e remói os acontecimentos, sua traição, o vislumbre que teve da nudez de Yardena, irmã mais velha de Ben Hur, e o nascimento de Israel.

Isso tudo, na realidade, nos é contado por Amós Oz em ‘Pantera no Porão’. Um livro marcado pela ingenuidade: mesmo sendo adulto ao narrar a história Prófi nos mostra os fatos pelos olhos da criança que ele era, sem se deixar contaminar pelas conclusões que a idade adulta poderia lhe ter trazido.

O tema central é o que se anuncia já nas primeiras páginas: a traição. Existe traição que não seja infame? E onde reside a traição, em atos ou sentimentos? São perguntas para as quais não são dadas respostas, ou, se são, elas são demasiado evasivas para que possam ser consideradas definitivas.

Além disso, Oz utiliza de um tema que se repetiria mais tarde em ‘Rimas da Vida e da Morte’ e em ‘Um Mesmo Mar’, o limite entre o real e a ficção.

‘Pantera no Porão’ talvez seja o romance mais curto do autor, mas isso não lhe diminui o mérito. Ao contrário, justamente por isso ‘Pantera no Porão’ pode ser o livro ideal para um primeiro contato com o israelense.

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