O que o prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, e o recém-falecido líder terrorista Osama Bin-Laden têm em comum? Aparentemente nada, exceto por uma trilogia de livros: A Trilogia da Fundação, do escritor judeu-russo naturalizado americano Isaac Asimov. Ambos foram inspirados por essa trilogia, para mim a obra máxima do famoso escritor de ficção científica. Al Qaeda, em árabe, quer dizer exatamente ‘A Fundação’ e existem rumores de que o nome se deve ao livro- a data de surgimento do grupo e a publicação da tradução árabe coincidem, assim como a educação ocidental de Bin-Laden. No caso de Krugman fica mais fácil fazer a relação, já que ele mesmo disse ter escolhido seguir a carreira de economista por ser o mais perto que poderia chegar de ser um psico-historiador.

Só isso já deveria ser o suficiente para atiçar a curiosidade da maioria das pessoas quanto ao livro- e foi, na verdade, o que me atraiu: eu já havia lido e não gostava de Asimov até então, suas leis da robótica me entediavam e, quando não falava delas, ele estava ocupado sendo piegas. Com  Fundação, porém, a coisa foi diferente.

Essa primeira parte da trilogia da Fundação, composta por Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação, nos introduz ao Império Galático- um gigantesco e frutífero império humano que ocupa toda a Via Láctea, por volta do ano 12000, e à ciência da psico-história, que pode, através de análises lógicas e estatísticas da história, prever o rumo dos acontecimentos, aprimorada pelo matemático Hari Seldon.

Acontece que Seldon previu a decadência do Império e uma idade das trevas que duraria 30000 anos. Mas, com a ajuda da mesma ciência, ele sabe que pode diminuir esse período de escuridão para ‘apenas’ mil anos. Por isso cria a ‘Fundação’, uma organização acadêmica devotada, inicialmente, a organizar uma enciclopédia contendo todo o conhecimento humano, de modo resumido.

Essa Fundação fica localizada no planeta Terminus, um planeta isolado no extremo da galáxia, que possuiu pouquíssimos metais. Pouco depois da morte de Seldon, o Império começa a ter problemas e abandona a periferia (o nome dado às regiões mais distantes da galáxia, onde fica Terminus), onde surgem quatro reinos independentes, bárbaros e belicosos.

A Fundação está sozinha e é ameaçada por esses reinos, sedentos de poder. Essa é a primeira das crises, que acontecem sucessivamente- mas que foram planejadas por Seldon. Ele deixa, no entanto, que os líderes da Fundação busquem suas respostas às cegas- pois saber o que deve acontecer alteraria o resultado e mudaria as probabilidades calculadas, podendo fazer com que seu plano falhasse.

Asimov baseou-se no estudo dos grandes movimentos políticos e expansionistas da humanidade, como o Império Romano, o Destino Manifesto Norte-Americano e o Nazismo. Sua inspiração mor, aliás, foi A História do Declínio e Queda do Império Romano, clássico do historiador inglês Edward Gibbon.

Mas isso não significa que o livro perca-se em elucubrações teóricas sobre a história ou sobre a psico-história. Elas existem, é claro, mas de modo bastante equilibrado com a ação e a aventura, gerando uma tensão incrível em alguns momentos e capturando o leitor através da indução de uma curiosidade quase científica em outros.

Fundação

de Isaac Asimov

tradução de Fábio Fernandes

240 páginas

R$ 39,00

Saiba mais sobre essa e outras obras no site da Editora Aleph

DISCUTA O POST NO FORUM DO MEIA-PALAVRA