O Tambor é, provavelmente, a obra mais famosa e poderosa do escritor, gravurista e poeta alemão Günter Grass. Tanto que foi até transformado em filme por Völker Schlondörff em 1978, tendo dividido a Palma de Ouro de Cannes com Apocalypse Now no ano seguinte.

O livro é contado por Oskar Matzerath, alemão de origem caxúbia, nascido na Cidade Livre da Danzing (hoje em dia Gdansk, na Polônia) em 1924. Quando tinha três anos de idade seu pai tenta decidir seu futuro e ele, revoltado, decide parar de crescer. Torna-se, então, uma espécie de anão amargurado e malicioso.

Oskar nos conta sua história durante os anos de 1952 a 1954, enquanto está internado num hospital psiquiátrico. Com seu tamanho diminuto, um grito possante capaz de estilhaçar vidros e tímpanos e um tambor de lata- sua posse mais preciosa- ele passa pela Segunda Guerra Mundial, inúmeros casos amorosos e acaba na confusa Alemanha do pós-guerra, quando acaba confinado.

Sua narração não é exatamente das mais confiáveis, já que ele é um tanto quanto quanto contraditório, inclusive mudando a pessoa em que narra, de primeira para terceira- inclusive no meio de frases. E nunca fica claro se ele está internado por motivos reais ou não.

Incorporando momentos históricos, como a Noite de Cristal e a execução dos defensores dos correios poloneses em Danzig, Grass criou um clássico da literatura pós-guerra e cementou sua reputação.

O livro, porém, é bastante forte, e não foi exatamente bem recebido em seu começo. Muitas vezes fica no limite entre o blasfemo e o pornográfico, como quando Oskar conversa com seu pênis, referindo-se a si mesmo como Jesus e ao seu órgão genital como Satã, as vezes invertendo a relação.

Essa primeira parte da Trilogia de Danzig, composta ainda por Gato e Rato e por Anos de Cão, fala sobre a guerra e suas consequências imediatas. É, porém, um livro atemporal e que, ainda hoje, pode ser considerado muito forte por alguns. Parte essencial não só da bibliografia de Grass, mas talvez da literatura do século XX.

DISCUTA ESSE ARTIGO NO FÓRUM MEIA PALAVRA