1. Pelo calendário hebraico, ontem foi dia vinte e quatro do mês de Elul do ano de cinco mil setecentos e setenta e um. Pelo calendário islâmico, a data foi vinte e cinco do mês de Shawwal do ano mil quatrocentos e trinta e dois. Ontem foi votada a participação integral da Palestina como um estado independente, pelos países membros da ONU. O resultado ainda não foi definido com certeza mas, tudo indica que passaria – salvo pela promessa de veto por parte dos Estados Unidos da América, cuja data era a mesma que a nossa:  vinte e três de setembro de dois mil e onze. Em seu livro ‘Fima’, Amós Oz lança a pergunta: toda criança que foi torturada deve, necessariamente, tornar-se um torturador?
  2. Mahmod Darwish foi um dos principais poetas e pensadores palestinos do século vinte. Estudou na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, e foi membro do Partido Comunista Israelense. Enquanto vivia em terras soviéticas trocou de partido, entrando para a Organização Palestina Livre. Só lhe foi permitido voltar para Israel muitos anos depois, para o funeral de um amigo.
  3. O escritor israelense David Grossman inicialmente apoiava a guerra de seu país contra o Líbano em dois mil e seis – baseado no princípio da auto-defesa. Pouco tempo depois, no entanto, advogava um cessar fogo, pois as coisas haviam ido longe demais. À dez de agosto – dia dezesseis de Av do ano de cinco mil setecentos e sessenta e seis, apenas uma semana depois do dia de Tisha B’Av, um dia de jejum em que a destruição do templo de Jerusalém é lembrada – condenou a guerra publicamente, junto com Amós Oz e A. B. Yehoshua. Dois dias depois seu filho, membro das forças de defesa israelenses, foi morto em combate.
  4. Ao contrário da crença geral, a maior parte da resistência palestina tem orientação socialista/comunista, e não necessariamente islâmica. Todos os grandes poetas palestinos foram comunistas. Os melhores escritores israelenses sempre tiveram importantes tendências para a esquerda. Mahmod Darwish aprendeu hebraico com um professor judeu e boa parte de seus poemas de amor são para mulheres judias.
  5. Benjamin Netanyahu, atual primeiro-ministro israelense, é formado em arquitetura. De modo igualmente irônico, seu pai, Benzion Netanyahu foi um dos fundadores do sionismo de direita, apesar de ser um historiador de formação marxista. Netanyahu filho teme que um estado Palestino almeje ser judenrein. Netanyahu pai, apesar de não ser religioso, suporta suas visões políticas citando a bíblia, dizendo que o homem do deserto – que ele identifica com o árabe – é o pior dos personagens desse livro, pois não conhece lei alguma.
  6. Em menos de uma semana será Hosh Roshana, o ano novo judeu. É costumeiro fazer listas de pecados e, como parte de um rito, atirar pedaços de pão (ou pedras) – simbolizando os pecados elencados e, quiçá, os esquecidos – na água.