O escritor norte-americano Jack London, para mim, sempre foi associado a duas coisas: ‘Caninos Brancos’, sobre a trajetória de um lobo até ser domesticado, e por ter sido preso por ‘vadiagem’. Surpreendi-me, então, ao saber que ele escrevera ficção científica.

Até onde eu sei (e, no caso, confesso que não sei muito) é apenas uma obra, A praga escarlate.  Um livro com certa ingenuidade, é verdade, mas uma ingenuidade um tanto quanto pessimista – uma mistura que, no fim, acaba sendo interessante.

A história se passa no século XXI,  mais especificamente no ano de 2073. A civilização havia alcançado um estágio relativamente avançado tecnologicamente (ao menos para os padrões de 1912, quando foi escrita), e socialmente era dominada por uma oligarquia, a qual servia, em regime de semiescravidão, um numeroso proletariado. Isso tudo, porém, é destruído por uma doença epidêmica – homônima com o livro.

Na história, o foco é um homem chamado John Howard Smith, um dos poucos sobreviventes dos tempos antes da praga. Ele costumava ser um professor universitário e é, portanto, uma das últimas pessoas educadas da Terra: todo o avanço científico e tecnológico se perdeu, bem como a escrita.

John sabe, porém, que ele é um homem velho e que não viverá muito mais. Por isso tenta ensinar algo para três de seus netos, que vivem na barbárie. Para isso, lança mão da narrativa: conta para eles como era o mundo antes e durante a peste, e o que fez para sobreviver.

A praga escarlate é um livro interessante, mas extremamente simples: não se deve esperar grandes reviravoltas narrativas ou tramas complicadas. Tudo é muito direto; o mundo praticamente terminou e, os seres humanos restantes entregam-se cada vez mais à barbárie.

No fim, acaba sendo um tanto quanto positivista, servindo como uma espécie de elogio ao progresso e ao conhecimento, condenando a falta de apreço pela educação. Em alguns momentos, porém, achei impossível não fazer comparações com The Road, de Cormac McCarthy. O problema disso é que o segundo, no entanto, sai invariavelmente melhor – de certa forma uma injustiça, pois não sei o quão válida é a comparação.