Um horror kafkiano escondido sob a roupagem de uma fábula um tanto etérea, que me lembrou um pouco ‘O Pássaro Azul‘- do belga Maeterlinck.

Uma frase bastante complexa, mas que, para mim, é o melhor modo de definir o mais simples e singelo dos livros de Amós Oz, ‘De repente, nas profundezas do bosque‘.

Na história existe uma aldeia. Tediosa e triste, com poucos e breves momentos de alegria. Durante a noite todos se trancam em casa, com medo do escuro e das coisas que vem com ele. Pois a noite é o território do demônio da montanha, Nehi.

Nehi, que muitos anos atrás- quando os adultos ainda eram crianças- roubou todos os animais da aldeia. Ou não: ninguém fala para crianças a verdade. Os animais são tidos como lendas, exceto por algumas poucas e infelizes almas, como a professora eternamente solitária Emanuela, que nunca achou um homem que quisesse se casar com ela; o velho Alman, que passa os dias conversando com seu desnecessário espantalho (lembremos que não existem pássaros) e Danir, o consertador de telhados que, em seus momentos de bebedeira, promete atravessar o bosque e trazer animais que devem existir em outras aldeias. Eles são, no entanto, alvo de gozação.

Eis que duas crianças, Mati e Maia, decidem descobrir a verdade por si. Assim os dois embrenham-se no bosque a procura de animais ou, pelo menos, de uma resposta para suas perguntas.

De repente, nas profundezas do bosque‘ é um dos únicos (se não o único) dos livro de Oz em que o registro da realidade é de certa forma abandonado, no qual o autor não se preocupou em criar um mundo verossímil. Algumas vezes é definido como sendo seu ‘livro para crianças’- o que pode até ser verdade, se considerarmos o termo ‘criança’ como uma delimitação moral ao invés de etária.

De repente, nas profundezas do bosque

Amós Oz

Tradução: Tova Sender

144 páginas

Preço sugerido: R$33,50

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