A Grande Depressão foi, como o nome já indica, um dos piores períodos do século XX, economicamente falando. Seu ‘grande’ refere-se não apenas à intensidade, mas à duração. Não à toa, inúmeros escritores- especialmente os norte-americanos- utilizaram o período como pano de fundo para suas obras.

Um dos que fez isso foi Horace McCoy, autor de obra bastante breve, mas contundente. Seu livro Mas não se mata cavalo? foi adaptado para o cinema em 1969 como A noite dos desesperados, e é uma das mais importantes obras sobre esse tema.

O livro, publicado em 1935, é curto, e tem uma estrutura peculiar. A sentença de um juiz alterna-se com a narrativa do crime, como contada pelo acusado, Robert Syverten.

Ele conheceu Glória Beatty do lado de fora de um estúdio de Hollywood, onde ambos tentavam a sorte. Ele sonha em se tornar, um dia, um grande diretor e ela tentava um bico como ‘extra’, para ter dinheiro para comer. Ambos rejeitados, tornam-se amigos e acabam indo parar na ‘Grande Maratona Mundial de Dança’.

Essa ‘maratona’ nada mais é do que um concurso de dança onde o que importa não é dançar bem, mas sim dançar sem parar pelo maior tempo possível. Nessa prova de resistência o prêmio para o casal vencedor é a quantia de 2500 dólares- valor extremamente alto para a época. Muitos, porém, não entram apenas para tentar vencer o prêmio, mas para ver se conseguem chamar a atenção de algum dos espectadores famosos e conseguir algum trabalho no cinema.

Durante a prova, que se torna cada vez mais complicada com as tentativas de se conseguirem patrocinadores e um número cada vez maior de espectadores, além de problemas com a polícia e com ligas moralistas, Robert se mostra não apenas sonhador como ingênuo, enquanto que Glória revela-se um tanto quanto cínica e até mesmo mórbida.

As duas personalidades acabam reagindo de modo desastroso entre si e com o ambiente- toda a pressão e o desespero que pairavam no ar- e tendo resultados trágicos.

Um retrato da época em que foi escrito e publicado, Mas não se mata cavalo? continua atual em sua essência- o ponto à que as pessoas podem chegar por dinheiro, não tanto pensando na ganância ou coisa semelhante, mas simplesmente na sobrevivência.

Mas não se matam cavalos?

de Horace McCoy, tradução de Irene Hirsch

136 páginas

R$ 12,00

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